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Na educação e na vida: tudo está bem quando começa bem

Ao criar a Psicomotricidade Relacional, André Lapierre, educador francês, constatou na prática que é na primeira infância que se estrutura a personalidade infantil.
Ele costumava comentar comigo: “quando comecei a trabalhar com as crianças, tomei consciência de que, ao expressar problemas psicológicos, elas estavam, na verdade, escondendo conflitos anteriores, mais profundos. Então, cheguei às crianças dos dois primeiros anos, que de fato estão construindo sua personalidade”.
Segundo ele, a transformação pela qual passam crianças de 18 meses a 2 anos, e que temos observado em nossa prática hoje, é tão marcante a ponto de relacionar que a crise da adolescência não passa de uma espécie de reedição dessa fase quando as crianças desafiam o poder do adulto.
Assim, quanto mais saudáveis forem as relações nessa faixa etária, menos problemas terão as crianças mais velhas.
A base do trabalho da Psicomotricidade Relacional está em criar um espaço de liberdade propício aos jogos e brincadeiras. O objetivo é fazer com que a criança manifeste seus conflitos normais do desenvolvimento e viva-os simbolicamente.
No âmbito educativo, a Psicomotricidade Relacional previne o surgimento de distúrbios emocionais, motores e de comunicação que dificultam a aprendizagem.
André Lapierre afirmava que a brincadeira é da ordem do simbólico e o psicomotricista relacional deve entrar em contato com a criança nesse nível, onde se situam os fantasmas inconscientes. A possibilidade de poder jogar e brincar, dentro dos limites da expressão simbólica, permite à criança expressar seus conflitos em nível profundo, sem sabê-lo.
A vivência simbólica possibilita que a criança a experimente, durante o jogo, o que no dia-a-dia não pode expressar. Ela dá vazão ao que está recalcado. A partir do momento em que ela pode, por exemplo, vencer simbolicamente oadulto, na brincadeira, ela percebe que não precisa enfrentá-lo na realidade.
As brincadeiras espontâneas e os jogos livres criam condições favoráveis para que o desejo da criança se manifeste e ela se sinta aceita. Ela se comporta como é e não como deveria ser. Por isso, André Lapierre insistia em dizer que o psicomotricista relacional busca estabelecer uma comunicação autêntica de pessoa para pessoa, pois uma criança de um ano ou dois, já é uma pessoa e deve ser respeitada como tal. “Não queremos fazer algo pedagógico, não temos nada para ensinar. Estamos ali para comunicar. É a criança que nos ensina muitas coisas”, explicava André Lapierre.
É sobre esse conceito de disponibilidade nas relações entre adultos e crianças que procuramos trabalhar nos cursos de formação, pois o mais significativo em nossa prática é a comunicação tônica, ou seja, a possibilidade de a criança jogar com adulto e este estar disponível corporalmente para ela.
É a única relação pedagógica em que se privilegia comunicação tônica. Assim, a Psicomotricidade Relacional nas escolas traz a possibilidade da Educação alcançar a dimensão afetiva e buscar o aprimoramento do SER e não apenas o do TER.
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