Autora: Ana Maria Ferrarini
Mais de 80 pessoas participaram do Café com Prosa, no dia 21 de setembro, na sede do CIAR de Curitiba. O tema “Emoções, Sentimentos e Expressão dos Afetos: interlocução entre a neurociência e a Psicomotricidade Relacional” foram tratados pela psicóloga Carla Cristina Porfírio Rockenbach, especialista em Psicopedagogia e Neuropsicologia, por Ariela Fernanda da Silva de Jesus Oliveira, pós graduada em gestão, liderança educacional e educação especial, e pelos psicomotricistas relacionais José Leopoldo Vieira, diretor do CIAR de Curitiba, e Isabel Bellaguarda, diretora do CIAR de Fortaleza.
A proposta do Café com Prosa foi promover um espaço para reflexão, diálogo e troca de experiências entre educadores, pais e profissionais da saúde e demais interessados. Esta edição versará sobre emoções, sentimentos e expressão dos afetos: interlocução entre a neurociência e a psicomotricidade relacional.
O evento começou com a apresentação de um vídeo com entrevista de Antonio Rosa Damásio, médico neurologista, neurocientista português que trabalha no estudo do cérebro e das emoções humanas. O professor de neurociência na Universidade do Sul da Califórnia falou sobre a interlocução da neurociência com a filosofia da mente.
Damásio faz uma distinção entre sentimento (experiência mental da emoção) e emoção (conjunto de reações orgânicas), de forma a estabelecer os fundamentos biológicos que ligam sentimento e consciência. Em um nível básico, as emoções são parte da regulação homeostática e constituem-se como um poderoso mecanismo de aprendizagem.
O Café com Prosa continuou com a exibição dos conceitos de Pedro Calabrez, criador dos primeiros cursos de neurociências aplicadas aos negócios do Brasil, sobre emoções e sentimentos. De acordo com ele, emoções são programas de ação, coordenados pelo cérebro, que gerenciam alterações em todo o seu corpo.
Calabrez observou que a emoção é mais rudimentar, automática fisiológica, mas isso não significa que ela seja simples ou medíocre. “Muito pelo contrário é produzida por uma gigantesca orquestra fisiológica. Mas o sentimento é mais psicologicamente complexos psicológico porque é consciente, e vai envolver memórias, ideias e planejamento para o futuro, própria percepção de si própria identidade e personalidade”.
A educação infantil foi o tema tratado por Ariela Fernanda da Silva de Jesus Oliveira. Ela falou sobre como a Psicomotricidade Relacional mudou o trabalho que as educadoras que atuam na escola de educação infantil mantida para os funcionários do Hospital Pequeno Príncipe. Ela afirmou que após observar a falta de afeto dos pais para com os filhos está colaborando para o aparecimento de transtornos e distúrbios nas crianças e como as professoras tinham dificuldade em atender esta demanda, buscou no CIAR a Psicomotricidade Relacional.
A psicóloga Carla Cristina Porfírio Rockenbach fez um pronunciamento emocionado sobre o resultado e os benefícios da Psicomotricidade Relacional, no Café com Prosa do CIAR. “Estou impressionada”. Os pacientes que fazem as sessões melhoraram o déficit de atenção, hiperatividade, reduziram a ansiedade. “O ser humano é um eterno aprendiz. E eu sou apaixonada pela aprendizagem. O ser humano quando deixa de aprender ele está morrendo”, define Carla Cristina. Ela, em uma conversa com o paciente, pediu para ele definir o que estão representando em sua vida as sessões de Psicomotricidade Relacional. “É uma jornada de autodescoberta. Tenho fome de vida e sede de descobrir”, disse ele.
A diretora do CIAR de Fortaleza, Isabel Bellaguarda, durante sua fala no Café com Prosa, disse que estava ansiosa para o final do encontro, pois é a hora de a gente “prosear”. Após fazer um breve histórico sobre a Psicomotricidade Relacional, abriu parênteses para confessar que até para ela o método trouxe benefícios. “A Psicomotricidade Relacional ajuda as pessoas no processo de autodescoberta e na regulação emocional. Faz um ajuste que colabora para se conhecer melhor”, assinala.
A prática aciona as pessoas numa ação em prol da vida, disse. “A Psicomotricidade Relacional é capaz de reduzir e até extinguir a depressão, autoestima baixa, desesperança. Aprendemos a lidar com nossas emoções e sentimentos. O brincar livre, as próprias escolhas e ter responsabilidade por elas, e tantas outras estratégias de intervenção são aplicadas para se encontrar uma forma de lidar com as emoções”. Nas sessões crianças, adolescentes e adultos têm espaço para exprimir a emoção, sentimentos, ajustar afetos.
José Leopoldo Vieira trouxe o caso de sofrimento humano que provocou reações no corpo. Um médico sugeriu a uma jovem com grave quadro de psoríase z fazer sessões de Análise Corporal da Relação (ACR), conta ele. Ela estava em depressão profunda, emoções da infância reprimida, gravidez, abandono do namorado. Tudo foi projetado em seu corpo. “Ela chegava às sessões carregada. Triste. Sofrendo. Bastaram poucas sessões para ela se tornar outra pessoa”.
Leopoldo exibe as fotos da jovem antes e depois das sessões. “A melhoria física foi surpreendente. A doença psicossomática desapareceu quando ela conseguiu encontrar seu caminho, resgatar as emoções, equilibrar-se. Muitas doenças dermatológicas têm um fundo emocional e as doenças psíquicas se manifestam de várias formas. Ao resgatar a relação de afeto, vivenciar situações mais saudáveis”, assinala. A ACR foi capaz de resolver os conflitos psíquicos, que agravavam a doença cutânea. “Buscamos por meio de vivências simbólicas ajudar a jovem a reconstruir seus limites, sua estrutura, seus encaixes, suas dificuldades, suas demandas, refazendo fronteiras, reconhecendo territórios habitáveis, onde ela possa viver ao mesmo tempo aceitando as diferenças e assumindo mudanças”.
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